sexta-feira, janeiro 16, 2004

Mulheres!

Tenho andando deprimido e desanimado, por isso ontem à noite fui a um daqueles bares onde as pessoas vão e se deixam ir. Precisava de ver gente nova e mulheres bonitas, por isso fui a um daqueles sítios onde se paga muito para entrar. Andei de um lado para o outro, vagueei por entre as pessoas, em busca de alguém que me fizesse sentir novamente diferente. Até que descobri, sozinha ao lado do bar, como numa aparição, a mulher dos meus sonhos: linda de morrer mas discreta, altiva mas sorridente, com feições nobres e perfeitas. Só de olhar para ela já me sentia melhor, porém arrisquei uma conversa simpática e prudente. De repente, pergunta-me inesperadamente se eu sou rico ou posso fazer obras no solar da família. Claro que neguei, mas disse-lhe que a podia fazer muito feliz. Ela respondeu:
- Como? Vai-se embora?
Que grande balde de àgua fria. Depois de conseguir respirar outra vez, fui dar uma volta. A verdade é que havia muito peixe no mar e o melhor seria deitar o anzol para esquecer aquele infeliz incidente. Fui ao encontro de uma loira com um voluptuoso silicone e disse-lhe que o seu corpo era como um templo. Ela esperguiçou-se e afirmou:
- Lamento mas hoje não há missa. É só para quem é do “jet-set”, tem Ferrari, ou é actor.
Aquela nega só me deu vontade de tentar mais uma vez. Procurei um género diferente e escolhi uma morena com aspecto sério. Pela conversa percebi que era intelectual (ou lia o “blog” do Pacheco Pereira). Estava interessada em saber se eu era escritor ou realizador, mas desviei o assunto e perguntei-lhe se me podia dar o seu nome. Desiludida, disse logo:
- Porquê? Não lhe deram um?
A noite estava a ser um falhanço e estava a fazer-se tarde. Dirigi-me para a saída. No entanto, apareceu à minha frente uma quarentona com um aspecto macho, barrando-me o caminho e lançando-me olhares sedutores. O que eu precisava era de companhia, por isso tentei saber logo o que ela queria num homem. Ela riu-se e segredou-me:
- Nada! Se os homens não existissem, as mulheres domesticariam outro animal.
Fiquei estranhamente aliviado. Saímos juntos e fomos falando sobre política pela rua. Porém, a certa altura ela parou e, assustada, disse que não tinha reparado que eu era de direita.
Não percebi aquilo e resolvi perguntar se queria sair comigo no próximo sábado. Ela fugiu, gritando:
- Lamento, mas vou estar com dores de cabeça.
Fui para casa. Preferi estar sozinho, longe até dos amigos. Só pensei no meu tio Alberto, que quando lhe disseram que a mulher o estava a trair com o melhor amigo, foi para casa e deu dois tiros no cão. As mulheres!... As mulheres são anjos... o problema é quando ainda estão vivas.

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Brasil, país irmão

Ontem sonhei que estava numa praia do Rio de Janeiro, cheio de mulatas bonitas de biquini a minha volta. O melhor de tudo era estar em pleno Verão, longe do Inverno interminável daqui, do frio, das gripes fortes e da Casa Pia. Depois pus-me a pensar no Brasil, país irmão e terra longínqua.
O brasileiro fala uma língua muito complicada: o “pórtuguêix”. Utiliza frequentemente expressões incompreensíveis como “légau”, “manêra” e “cafágesti”. Embora haja muitas coisas que nos aproximem do Brasil, esta é a que mais nos afasta.
Numa análise puramente económica, pode-se dizer que o Brasil exporta para Portugal material em grosso (especialmente para o distrito de Bragança), profissionais de futebol e telenovelas; por sua vez, Portugal exporta anedotas de humor duvidoso. A maioria dos economistas dizem que o Brasil é um país do terceiro mundo: as favelas, os “sem-terra”, a insegurança e programas como o “Sai de Baixo” confirmam isso mesmo. No entanto, alguns economistas portugueses negam isso tudo, através da análise do luxo vivido por todas as personagens das telenovelas e séries.
O brasileiro típico tem todas as capacidades para ser um excelente apresentador de concursos de TV: é animado, comunicativo e manipulador. Mas talvez a maior qualidade seja a capacidade que tem de dizer, “no final tudo vai ficar numa boa.”. De facto, o trabalhador no Brasil tem uma produtividade muito baixa, mas orgulha-se disso; enquanto o português só se preocupa em fazer de conta que trabalha nas quarenta horas semanais.
Uma das características actuais e fundamentais do nosso país irmão é que é governado por um homem chamado Lula. Aqui em Portugal pensamos muito nele, principalmente quando nos assuamos. Mas agora a sério: acho muito bem a política de confrontação com os EUA, deviam invadir aquela terra de “novos-ricos” e provar que uma antiga colónia portuguesa é melhor que uma inglesa.. Podiam começar por desviar o teleférico do “Pão de Açucar” contra uma cidade americana e organizar uma marcha dos “sem-terra” em direcção a Washington.
Em suma, é pena o Brasil ser tão longe. Deviam fazer uma auto-estrada daqui até lá em vez de pagarem tanto ao “Felipão” Scolari. O dinheiro dava para fazer uma via enorme e eu, que tenho pavor de andar de avião, podia mudar de casa todos os semestres e ter Verão todo o ano.