sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Marte

Hoje de manhã estive a ver na TV algumas imagens das sondas a Marte. Só pergunto: para quê gastar milhões (que podiam ser utilizados a fazer guerras com países subdesenvolvidos) a fotografar um deserto noutro planeta? – Temos aqui na Terra tantos sítios sem rasto de vida inteligente (a Assembleia da República, por exemplo) e uma série de locias não habitados (o interior do país, por exemplo).

Só consigo ver duas razões para se chamar “planeta vermelho”: ou os nossos amigos marcianos são camaradas leninistas que comem criancinhas (não necessariamente no sentido casapiano); ou então, pior ainda, são todos benfiquistas esperando as velhas conquistas do passado, sem saberem que o seu suplício vai durar décadas.

Mas Marte pode ter uma série de utilidades, se soubermos explorar o potencial de um local tão longe da Terra. Por exemplo, podia ser o destino de tudo aquilo que não faz falta entre nós: os pedófilos e os advogados do “processo Casa Pia”, a Al-Qaeda e a “Greenpeace”, a família Bush e os primos socialistas, a caspa e os dirigentes do futebol. Por outro lado, quando foi noticiado que há água em Marte, foi formado um movimento de cidadãos portugueses, em cidades como a Amadora, a pedirem para serem transportados para lá, onde certamente teriam melhor abastecimento.

Devo dizer que aquelas imagens não me conveceram nada. A verdade é que por detrás das câmaras da NASA estão uma série de marcianos a apanhar sol e a ver o “Quem quer ser milionário”. Sim, tenho a certeza de que há vida inteligente em Marte – e a prova disso é que querem distância da humanidade. Aliás, também há vida noutros planetas e muitos extraterrestres visitam-nos – não vejo outra forma de explicar a existência da Roberto Leal, da Maria Vieira e do José Castel-Branco. Também acredito que há uma conspiração de alíegenas para controlar o planeta, instalados em instituições como a Microsoft, o Parlamento Europeu, o Bloco de Esquerda e a Endemol. Suponho até que um desses seres, de aspecto simiesco, comanda a maior super-potência do mundo, tentando destruir o que o Homem construiu ao longo de milénios. Outros ainda, como o Paulo Coelho e a Rita Ferro, estão decididos a espezinhar a nossa cultura e a implantar uma nova forma de linguagem sem conteúdo. Será que vão conseguir?

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Monarquia à Portuguesa

Primeiro teríamos de chegar a um consenso sobre o verdadeiro pretendente ao trono: ou o D. Duarte, ou o Nuno da Câmara Pereira, ou o pasteleiro da esquina, ou o rei da música pimba. Caso não chegassemos a nenhuma conclusão, sempre podemos juntar-nos de vez a Espanha quando o Felipe Bourbon chegar ao trono – seria o Filipe III de Portugal, como antes da Restauração.

Se alguma vez quisermos convencer o povo português que a monarquia é melhor, basta dizer que teríamos muitos mais feriados, com imensas festas dos reis antigos. Para mim, homem do norte, o pior seria o advento dos fados e das touradas, em substituição do futebol e da política (respectivamente).

Mas as mudanças seriam muitas. Por exemplo, o “bolo-rei” chamar-se-ia de “bolo-presidente” e, em vez de frutos secos, traria tremoços e seria regado com aguardente. Também seriam criados novos títulos de nobreza, como o “Bisconde de Bila do Conde” para Pinto da Costa, o “Duque de Ouros” para Belmiro de Azevedo, a “Duquesa da Despesa” para Manuela Ferreira Leite e o “Barão Horroroso“ para Durão Barroso.

As revistas populares e a TVI teriam muito que falar, com a vinda a Portugal de fidalgos estrangeiros muito conhecidos, como o Don Perignon de França, o Dom De Luise dos EUA e a Dona Tela Versace de Itália. A Lili Caneças e a Cinha Jardim seriam deportadas para a Etiópia, e as novas rainhas do “jet-set” seriam princesas do norte da europa. O José Castel-Branco e o Carlos Castro iriam para o circo, em jaulas suficientemente seguras para os podermos ver de perto.

O maior problema é que teríamos de fazer uma revolução. Mas para isso bastava convencer os “Capitães de Abril” que queremos um regime estalinista. – Já estou a ver o povo a sair à rua com cravos azuis e a pedir a libertação dos presos políticos (Bibi, Carlos Cruz e companhia), exigindo que sejam elevados a heróis da pátria. De que estamos à espera?

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Óscares do Provocador

Foram anunciados em Hollywood na semana passada, os candidatos anuais aos Óscares do cinema. Mas não é só por terras americanas que existe esse galardão. Aqui mesmo em Portugal, por exemplo, acabaram de ser instituídos os “Óscares do Provocador” – não são mais do que um prémio especial para as frases mais ruidosas do ano. Espera-se com isto, incentivar cada vez mais gente a ser substancialmente concludente nas afirmações e inventivamente subtil nas palavras. O júri, composto pela múltipla personalidade do “Provocador” e reunido nas catacumbas da sua sensibilidade, decidiu entregar os seguintes Óscares:

Óscar da “maior prisão de ventre” para...
Ferro Rodrigues, com a frase:
- Estou a cagar-me para a justiça!

Óscar “ainda não tínhamos reparado” para...
Manuela Moura Guedes, com o epílogo diário:
- Boa noite, eu sou a Manuela Moura Guedes!

Óscar “também vou exilar-me nas férias” para...
Fátima Felgueiras, com a afirmação:
- Sou uma exilada política!

Óscar “em Portugal chegavas a presidente” para...
Al-Sahaf, ex-ministro da informação iraquiano:
- Não há infiéis americanos em Bagdad. Nunca!

Óscar “afinal a solução era tão simples” para...
Arnold Schwarzenegger, com o inesperado:
- O casamento homossexual deve ser entre um homem e uma mulher!

Óscar “então contrata o plantel de futebol do Boavista” para...
Saddam Hussein, com o frase surda:
- Não tenho armas de destruição maciça!

Óscar “já estive com uma sereia” para...
Gorge W. Bush, com o poético:
- Sei que os seres humanos e os peixes podem coexistir pacificamente.